Intolerância Alimentar

Entenda as diferenças entre alergia e intolerância alimentar

Os sintomas são semelhantes e podem confundir, mas os cuidados são específicos.

Apesar de terem os sintomas parecidos e surgirem após a ingestão de algum alimento, a intolerância alimentar e a alergia alimentar são problemas diferentes, com causas e tratamentos distintos. Ambas podem trazer impactos e desconfortos bastante negativos na vida das pessoas que, muitas vezes, precisam tirar determinado alimento da rotina.

Quando você tem intolerância alimentar, significa que seu sistema digestivo tem dificuldade para digerir (quebrar) um alimento. Outra palavra para intolerância alimentar é sensibilidade alimentar.

Intolerância alimentar significa que seu intestino é sensível a certos alimentos e não consegue tolerá-los. Quando você come esses alimentos, pode sentir sintomas desconfortáveis ​​como gases, diarreia e dor abdominal. 

Mais comum em adultos, a intolerância alimentar pode ter como origem a deficiência ou a ausência de algumas enzimas que quebram moléculas maiores em menores, desta forma permitindo que o organismo não tenha capacidade de absorvê-las totalmente. Assim sendo a intolerância alimentar é caracterizada pela má digestão de determinados alimentos.

A pessoa com intolerância alimentar não absorve ou absorve parcialmente esses nutrientes, que passam a fermentar, ocasionando sintomas como inchaço abdominal, flatulência e cólicas, podendo ainda causar diarreia. A severidade das manifestações depende da quantidade ingerida de determinado alimento e da quantidade que cada pessoa pode tolerar. Em muitos casos pode ocorrer somente dor e/ou distensão abdominal, sem diarreia. Os sintomas podem levar de alguns minutos até muitas horas para aparecer, no entanto, apesar da intolerância ser incômoda para os pessoas, uma vez reconhecida, pode ser controlada por simples ajustes na dieta.

Qual a diferença entre intolerância e alergia alimentar?

Intolerância alimentar, ou sensibilidade alimentar, não é a mesma coisa que ter alergia alimentar.

Uma intolerância alimentar:

– Afeta seu sistema digestivo;

– Ocorre quando seu sistema digestivo não consegue decompor certos alimentos;

– Causa sintomas que não são fatais, como dor de estômago, inchaço abdominal, cólicas, diarreia etc.;

– Causa sintomas geralmente algumas horas após a ingestão, à medida que o alimento passa pelo trato digestivo;

– Pode não causar sintomas se você comer apenas uma pequena quantidade de um alimento.

Uma alergia alimentar:

– Afeta o sistema imunológico;

– Ocorre quando seu sistema imunológico confunde uma proteína ou outro ingrediente em alimentos como uma ameaça. Quando a alergia é mediada pelos anticorpos imunoglobulina E (IgE), seu sistema imunológico libera os anticorpos IgE para combater a ameaça.

– Causa uma reação alérgica, como urticária e inchaço, falta de ar ou chiado no peito.

– Provoca sintomas geralmente em poucos minutos após o consumo de uma pequena quantidade de um alimento que causa alergia.

– Pode causar uma reação grave e com risco para a vida chamada anafilaxia. Sem um tratamento com adrenalina, essa reação pode ser fatal.

Enquanto a intolerância está relacionada à incapacidade do corpo em digerir certos alimentos, a alergia alimentar envolve uma resposta do sistema imunológico no processo digestivo.

Dessa forma, podemos dizer que, no caso da intolerância, a reação é do sistema digestivo e os sintomas geralmente não são graves.

No caso da alergia alimentar, ocorre uma reação do sistema imunológico e os sintomas podem ser graves e até fatais. Na alergia alimentar ocorre reação do organismo, geralmente logo após a exposição ao alimento causador da alergia. Entretanto, essa manifestação pode ser imediata ou levar algumas horas ou dias para ocorrer, sendo as mais comuns as reações que envolvem a pele (urticária, inchaço, coceira, eczema) e o aparelho gastrintestinal (diarreia, dor abdominal, vômitos). Manifestações mais intensas, acometendo vários órgãos simultaneamente como pele e trato respiratório (anafilaxia), também podem ocorrer.

Quais são os principais sintomas de intolerância alimentar?

Os sinais mais comuns da intolerância alimentar são: 

– Inchaço abdominal; 

– Fraqueza;

– Dor de estômago; 

– Gases e flatulência;

– Refluxo gástrico; 

– Cólicas abdominais; 

– Diarreia; 

– Náusea;

– Dor de cabeça. 

A intensidade desses sintomas costuma variar de acordo com a quantidade ingerida de alimentos do paciente. A reação do organismo ao entrar em contato com um alimento “intolerante” pode levar de minutos até horas. Esse desconforto desaparece com ajustes na alimentação no dia a dia e em alguns casos com medicações. 

O que causa intolerância alimentar?

A intolerância é uma dificuldade do corpo em processar determinados alimentos. Ainda existem muitas dúvidas associadas à intolerância alimentar, mas algumas das causas podem estar relacionadas a:

Falta de enzimas digestivas: o corpo não produz a enzima necessária para digerir um determinado componente do alimento;

Sensibilidade a alguns compostos:  histamina, glutamatos e alguns substâncias adicionadas aos alimentos para preservar ou melhorar o sabor;

Excesso de consumo de um determinado alimento: mesmo que o corpo tenha a capacidade de digerir o alimento, consumi-lo em grandes quantidades pode causar sintomas de intolerância;

E ainda existem algumas intolerâncias alimentares que não podem ser facilmente explicadas e que são, portanto, subclassificadas como indefinidas.

Tipos de intolerância alimentar mais comuns

Existem vários tipos de intolerância alimentar, sendo os mais comuns:

Intolerância à Lactose: dificuldade em digerir o açúcar do leite;

Intolerância ao Glúten: trata-se da intolerância ao glúten no paciente não portador de Doença Celíaca. O glúten é uma proteína encontrada em cereais como trigo, cevada e centeio;

Intolerância à Histamina: dificuldade em metabolizar a histamina, uma substância naturalmente presente em diversos alimentos (queijos envelhecidos, alimentos em conserva e enlatados, defumados etc.);

Intolerância a Aditivos Alimentares: reações a substâncias adicionadas aos alimentos, como corantes, conservantes e aromatizantes;

Intolerância a Salicilatos: intolerância a compostos presentes em frutas, legumes e verduras.

Pessoas com intolerância alimentar frequentemente não produzem o suficiente de uma enzima específica que o sistema digestivo precisa para quebrar um certo alimento ou ingrediente. Especialistas não sabem ao certo por que algumas pessoas desenvolvem intolerâncias alimentares.

Certas condições gastrointestinais podem torná-lo mais propenso a intolerância alimentar. Essas condições incluem:

– Doença celíaca;

– Doença inflamatória intestinal, incluindo doença de Crohn e retocolite ulcerativa;

Como é diagnosticada uma intolerância alimentar?

Para diagnóstico da intolerância à lactose pode ser realizado o teste de absorção da lactose. Nesse teste você ingere a lactose e são realizadas dosagens de glicose para verificar se o seu organismo consegue digerir a lactose (a lactose é quebrada em glicose pela lactase).

Outro teste é o teste respiratório. Durante este teste, você ingere lactose. Então você respira em um recipiente tipo balão a cada 30 minutos por algumas horas. Se você é intolerante à lactose, a lactose não digerida causará altos níveis de hidrogênio em sua respiração.

Um teste presuntivo de que você tem intolerância a lactose também pode ser sugerido se apresentar sintomas digestivos ao beber a solução de lactose.

Não há um teste para sensibilidade ao glúten ou intolerância à histamina. Um teste de alergia pode detectar alergias alimentares, mas não uma intolerância alimentar. Seu profissional de saúde pode pedir que você mantenha um diário alimentar para monitorar refeições e sintomas.

Você também pode tentar uma dieta de eliminação para remover certos alimentos da sua dieta por duas a seis semanas. Se os sintomas desaparecerem durante esse período — e depois retornarem quando você começar a comer o alimento novamente — você pode ter intolerância alimentar.

Tratamentos

A intolerância alimentar não é uma doença, mas uma condição do organismo. No caso da intolerância à lactose, que é bem comum, por exemplo, é possível prevenir novos sintomas reduzindo o consumo de leite e derivados, além de produtos ou alimentos preparados com leite ou substituí-los por derivados que já passaram por processo de fermentação, como iogurtes e queijos, que, portanto, apresentam em sua composição uma quantidade menor do nutriente em seu formato de moléculas maiores.

Outra forma de evitar os sintomas é experimentar os suplementos da enzima lactase disponíveis no mercado em comprimidos ou tabletes mastigáveis, todavia devem ser usados como um complemento e não como um substituto para a restrição alimentar, isso porque essas enzimas podem não aliviar completamente os sintomas ou pela digestão incompleta da lactose ou pela dificuldade de determinar sua dose precisamente. A pessoa com intolerância à lactose pode ter uma vida normal, basta receber orientações dietéticas de profissionais de saúde habilitados.

O leite e derivados sem lactose, nada mais é que um leite normal contendo uma enzima chamada lactase adicionada, que quebra a lactose. Com isso, o organismo consegue realizar a digestão da lactose sem desconfortos intestinais ou demais sintomas da intolerância.

No entanto, pessoas com grau de intolerância mais severos podem ter sintomas mesmo consumindo produtos sem lactose, já que mesmo com essa enzima ainda podem existir resquícios do componente.

A intolerância alimentar é mais comum em adultos e há uma tendência natural ao seu desenvolvimento com o passar da idade. Há instruções alimentares que possibilitam que o indivíduo com intolerância tenha uma vida tranquila e sem o risco de deficiências nutricionais em decorrência da restrição de alimentos.

Quais são as complicações da intolerância alimentar?

Pessoas que são intolerantes à lactose podem não obter cálcio e vitamina D suficientes se cortarem completamente os laticínios. Você pode tomar suplementos ou usar a enzima lactase de venda livre para consumir laticínios sem ter uma sintomas gastrintestinais.

Pessoas que reduzem o consumo de produtos com glúten podem precisar comer mais vegetais frescos, frutas e grãos integrais sem glúten para garantir que estejam consumindo fibras e outros nutrientes suficientes, como vitaminas do complexo B, que são importantes para a saúde.

A intolerância não tem cura. Por isso, é importante ter orientação e acompanhamento de profissionais de saúde, como gastroenterologistas e nutricionistas, uma vez que a restrição a certos tipos de alimentos pode levar à deficiência nutricional.  

Estas informações fornecem uma visão geral e podem não se aplicar a todos. Consulte seu médico para saber se são aplicáveis ao seu caso e para obter mais detalhes do assunto.

Referências

1- Entenda as diferenças entre alergia e intolerância alimentar. Ministério da Saúde do Brasil. Publicado em 19/09/2022.

2- Fernandes, J R R. Intolerância alimentar: como identificar seus sinais. Publicado por Hospital Israelita Albert Einstein em 28/04/2024.

3- Machado, L. Intolerância Alimentar: conheça as causas, sintomas e formas de diagnosticar. Alta Diagnósticos. 2025.

4- AllergyUK. Types of Food Intolerance (https://www.allergyuk.org/information-and-advice/conditions-and-symptoms/586-types-of-food-intolerance). Accessed 14/01/2025.

5- American Academy of Pediatrics. Lactose Intolerance in Infants and Children (https://www.healthychildren.org/English/healthy-living/nutrition/Pages/Lactose-Intolerance-in-Children.aspx).). Accessed 14/01/2025.

6- European Centre for Allergy Research Foundation. Food Intolerance (https://www.ecarf.org/en/information-portal/general-allergy-info/food-intolerance/). Accessed 14/01/2025.

7- National Health Service (UK). Food Intolerance (https://www.nhs.uk/conditions/food-intolerance/). Accessed 14/01/2025.

Autor: Dr. Sílvio Marques Pessoa – CRM: MG 16032
Uberlândia – MG, 16 de Janeiro de 2025

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