Dengue

O que é Dengue?

A dengue é uma doença febril aguda, de etiologia viral e de evolução benigna na forma clássica, e grave quando se apresenta na forma hemorrágica. A dengue é, hoje, a mais importante arbovirose (doença transmitida por artrópodes) que afeta o homem e constitui-se em sério problema de saúde pública no mundo, especialmente nos países tropicais, onde as condições do meio ambiente favorecem o desenvolvimento e a proliferação do Aedes aegypti, principal mosquito vetor.

Dengue é uma arbovirose (doença viral transmitida por artrópode; arbovirose deriva de “arbovírus” vírus transmitido por artrópodes).

Dengue é a arbovirose mais prevalente nas Américas, especialmente no Brasil.

Transmitida, principalmente no período mais chuvoso, pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti, possuindo 4 sorotipos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4.

Em 2024, o Brasil viveu uma explosão de casos e mortes, batendo recordes. Segundo o Ministério da Saúde, o aumento em relação a 2023 em número de casos foi de mais de 303%. Em 2024 o país registrou 6,6 milhões de casos e 5 mil mortes pela doença.

Países como Argentina, Brasil, Colômbia e México foram responsáveis por 90% dos casos de dengue, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).

Nas primeiras seis semanas de 2025, o número de casos prováveis de dengue no Brasil é aproximadamente 60% menor em relação ao mesmo período de 2024. Os dados são do painel de monitoramento das arboviroses do Ministério da Saúde.

Em 2025, até o dia 13 de fevereiro, foram registrados 281.049 casos prováveis, contra 698.482 casos no mesmo período do ano passado. Dessa forma aparentemente existe uma tendência de queda de casos para 2025, mas estamos apenas no início do ano. Esperamos que a tendência continue, mas devemos aguardar os fatos.

A chegada das estações quentes e chuvosas traz um alerta sobre a proliferação do Aedes aegypti. Com o aumento do número de casos, é importante saber identificar os sinais e sintomas da dengue.

A Dengue tem potencial para afetar qualquer pessoa, sendo uma infecção viral séria e pode causar quadros graves, inclusive a morte. A dengue atinge todas as faixas etárias, porém crianças e idosos, assim como portadores de doenças crônicas são mais susceptíveis a formas mais graves. Por isso, saber quais são os primeiros sintomas e sinais para procurar apoio médico precoce é essencial para preservar a saúde e o bem-estar.

Modo de Transmissão

A transmissão se faz pela picada do Aedes aegypti, no ciclo homem – Aedes aegypti – homem. Após o mosquito se alimentar de sangue (repasto sanguíneo) de uma pessoa infectada, o mosquito fica apto a transmitir o vírus, depois de 8 a 12 dias de incubação. A transmissão mecânica também é possível, quando o repasto sanguíneo em uma pessoa infectada é interrompido e o mosquito, imediatamente, se alimenta em outra pessoa suscetível próxima. Não há transmissão por contato direto de um doente ou de suas secreções com uma pessoa sadia, nem de fontes de água ou alimento.

Período de Incubação: intervalo entre a picada do mosquito e aparecimento de sintomas

Varia de 3 a 15 dias, sendo, em média, de 5 a 6 dias.

Período de Transmissibilidade

A transmissão ocorre enquanto houver presença de vírus no

sangue do homem infectado (período de viremia). Este período começa um

dia antes do aparecimento da febre e vai até o 6º dia da doença.

Quais são os sintomas da dengue?

A dengue é uma doença infecciosa febril aguda transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. A fêmea do Aedes aegypti usa a água parada para se reproduzir. Os sintomas podem se manifestar de forma clássica ou grave (hemorrágica) colocando a vida da pessoa em risco.

Sinais e Sintomas da Dengue Clássica:

– Febre alta (≥38ºC) e de início súbito;

– Dor muscular intensa;

– Mal-estar;

– Dor de cabeça ou nos olhos;

– Fraqueza;

– Falta de apetite;

– Náuseas;

– Tontura;

– Manchas vermelhas na pele.

A dengue pode ser assintomática ou facilmente confundida, principalmente durante a fase febril com outros quadros virais.

Dengue Hemorrágica

Os sintomas iniciais são semelhantes aos da dengue clássica, porém evoluem rapidamente para manifestações hemorrágicas e/ou derrames cavitários (líquido na cavidade do pulmão, líquido na barriga ou em torno do coração) e/ou instabilidade hemodinâmica e/ou choque (queda acentuada da pressão arterial, podendo evoluir para a morte). Os casos típicos da Dengue Hemorrágica são caracterizados por febre alta, fenômenos hemorrágicos, hepatomegalia (aumento do fígado) e insuficiência circulatória. Um achado laboratorial importante é a plaquetopenia (queda no número de plaquetas).

Entre as manifestações hemorrágicas, a mais comumente encontrada é a prova do laço positiva. A prova do laço consiste em se obter, através do esfigmomanômetro, o ponto médio entre a pressão arterial máxima e mínima do paciente, mantendo-se esta pressão por 5 minutos para adultos e 3 minutos para crianças; quando positiva aparecem petéquias (pontos vermelhos) sob o aparelho ou abaixo do mesmo. Se o número de petéquias for de 20 ou mais para o adulto, ou 10 ou mais para a criança, em um quadrado desenhado na pele com 2,5 cm de lado, essa prova é considerada positiva.

Diagnóstico

O diagnóstico presuntivo é realizado baseado nos sintomas e história clínica: febre alta, dor de cabeça, prostração, dor no corpo, manchas no corpo, náuseas, manchas vermelhas na pele etc. Porém, estas manifestações clínicas são comuns a diversas viroses, incluindo outras arboviroses, e dessa forma requer confirmação etiológica por meio de exames laboratoriais.

Exames laboratoriais:

Pesquisa do antígeno do vírus da Dengue NS1: deve ser realizado do1O até o 5º dia dos sintomas, com melhor sensibilidade no 2O e 3O dia do início dos sintomas. A pesquisa do antígeno pode ser realizada por método de imunocromatografia (teste rápido), ELISA (Ensaio Imunoenzimático) e PCR (Polymerase chain reaction).

Anticorpos IgG/IgM: deve ser realizado a partir do 6º até 14O dia dos sintomas. A partir do 14O dia há um decaimento progressivo do IgM. A pesquisa pode ser realizada por imunocromatografia (teste rápido), ELISA ou outra metologia. A presença de Anticorpos IgG de forma isolada pode indicar infecção passada, se for o único teste positivo.

PCR para Dengue, Zika e Chikungunya: o CheckUp Medicina e Diagnóstico, além de oferecer os exames NS1 e os Anticorpos IgG/IgM para Dengue, oferece também o exame de Biologia Molecular PCR para Dengue, Zika e Chikungunya conjuntamente, de forma que com um único exame é possível definir, com segurança, o diagnóstico diferencial entre os três arbovírus. Este exame representa um grande avanço no diagnóstico das arboviroses, uma vez que os sintomas são semelhantes. E o mais importante o resultado é liberado dentro de 24 horas.

Qual é a duração dos sintomas da dengue?

O quadro clínico da dengue clássica tem duração entre 5 e 7 dias (máximo de 10). O período de convalescença pode ser acompanhado de grande debilidade física e manter-se por várias semanas.

Na forma mais grave da dengue, a hemorrágica, o quadro clínico inicial é semelhante à dengue clássica, com piora no terceiro ou quarto dia de evolução, com aparecimento de quadro hemorrágico. Nos casos graves, o choque geralmente ocorre entre o terceiro e o sétimo dia de doença, geralmente precedido por dor abdominal. Alguns pacientes podem ainda apresentar manifestações neurológicas, como convulsões e irritabilidade.

Idosos, pessoas com doenças crônicas como hipertensão arterial, diabetes, asma brônquica e outras doenças respiratórias crônicas graves podem evoluir para quadros mais graves de dengue.

Quais medicamentos não devem ser tomados?

Quando sentimos qualquer sintoma, temos a tendência de procurar um medicamento para aliviá-lo. No entanto, quando olhamos o quadro da dengue como um todo, isso pode causar sérias complicações. Por isso, a automedicação deve ser evitada, ainda mais durante um período em que os casos da doença estão elevados.

Medicamentos contendo ácido acetilsalicílico (AAS) devem ser evitados, pelo aumento do risco de hemorragias. Medicamentos contendo AAS: AAS, Aspirina, Ecasil, Aceticil, Melhoral, Salipirin, Somalgin, Cardio Aas, Salicin, Sifass, Analgesin, As-Med, Salicil, Bufferin, Asetisin, Antifebrin, Acetildor, Sedalive.

O ideal é procurar um médico que possa fazer o diagnóstico e dar a indicação de uma conduta confiável. Essa ação pode preservar a saúde e impedir a progressão da dengue para um quadro mais perigoso.

Quem procurar em caso de dengue?

Diante disso, se sentir algum sintoma semelhante aos descritos acima, é aconselhável procurar atendimento médico o quanto antes. Independentemente do quadro de saúde e intensidade dos sinais, o apoio clínico é indispensável.

Quais as formas de prevenção da dengue?

Fazer mudanças no meio ambiente que impeçam ou minimizem a propagação do vetor, evitando ou destruindo os criadouros potenciais do Aedes.

A melhor forma de se evitar a dengue é combater os focos de acúmulo de água, locais propícios para a criação do mosquito transmissor da doença. Para isso, é importante não deixar acumular água em latas, embalagens, copos plásticos, tampinhas de refrigerantes, pneus velhos, vasos de plantas, jarros de flores, garrafas, caixas d´água, tambores, latões, cisternas, sacos plásticos e lixeiras, entre outros.

Controle químico: consiste na aplicação de produtos químicos a base de clotianidina e deltametrina em potenciais criadouros do Aedes aegypti, com o objetivo de eliminação das larvas. Outra forma é a utilização do “fumacê”, com o objetivo de eliminar o vetor. No Brasil recomenda-se utilizar a aplicação espacial a Ultrabaixo Volume (UBV) o “fumacê” com nebulizadores costais ou equipamentos acoplados a veículos, devendo ter uso restrito em epidemias, como forma complementar de interromper a transmissão de dengue, ou quando houver infestação predial acima de 5% em áreas com circulação comprovada de vírus.

Lembrando que o controle do vetor, o Aedes aegypti, torna-se bastante crítico uma vez que os ovos podem permanecer viáveis por até 1 ano em temperatura ambiente, em ambiente seco. Uma vez que as condições sejam propícias, voltando o período chuvoso, o ovo eclode dando formação à larva e ao mosquito.

Medidas preventivas individuais:

-Uso de roupas cobrindo corpo;

– Uso de repelentes: DEET (dietilmetatoluamida), icaridina (seguir orientações do fabricante); para crianças menores que 2 anos não são recomendados; em idade entre 2 e 12 anos deve ser usado em concentrações de até 10% e no máximo 3 vezes ao dia;

– Uso de telas, mosquiteiros etc.

O mosquito possui hábitos diurnos, sobretudo ao amanhecer e ao entardecer. Por isso, é importante reforçar a atenção nesses períodos. Mas atenção: o mosquito é oportunista e pode picar à noite também.

Outra forma possível de prevenção da doença é através da vacina.

Quantas vezes a pessoa pode ter Dengue

São 4 sorotipos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4.  Cada sorotipo fornece imunidade duradoura, de modo que a pessoa que contrai a doença pelo DENV-1, vai estar imunizada para aquele sorotipo, e não para os outros. Dessa forma a cada pessoa pode ter dengue até quatro vezes.

Vacina contra a dengue

Embora exista a vacina contra a dengue, o controle do vetor Aedes aegypti é o principal método para a prevenção e controle da dengue e outras arboviroses urbanas (como Chikungunya e Zika), seja pelo manejo integrado de vetores ou pela prevenção pessoal dentro dos domicílios.

A vacina da dengue é um avanço importante na prevenção dessa doença. A Qdenga (Takeda), aprovada pela Anvisa em março de 2023 previne a infecção causada pelos quatro sorotipos do vírus, ou seja, DENV-1, DENV-2 e DENV-3 e DENV-4.

A vacina da dengue é indicada para crianças a partir de 4 anos, adolescentes e adultos até 60 anos, tanto soronegativos (aquelas pessoas que nunca tiveram dengue) como soropositivos (pessoas que já tiveram dengue), em duas doses, com intervalo de três meses. A via de aplicação é subcutânea.

O Brasil adquiriu 9,5 milhões de doses para 2025 – campanha para aplicação em criança 10 anos até 14 anos.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) formalizou um pedido ao Ministério da Saúde para desenvolver uma vacina contra a dengue no país. A produção será da vacina Qdenga, da fabricante japonesa Takeda, por meio de um acordo de transferência de tecnologia na modalidade Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP).

O Instituto Butantan, um dos mais importantes centros de pesquisa científica do Brasil, solicitou o registro de sua própria vacina contra a dengue em dezembro de 2024. É a primeira vacina no mundo em dose única. Esse imunizante, que já foi testado com sucesso, poderá estar disponível para uso em massa já em 2025.

Segundo autoridades, o instituto tem capacidade para produzir até 100 milhões de doses entre 2025 e 2027, o que seria um passo crucial para deter essa epidemia de proporções históricas.

Como diferenciar Dengue, Zika e Chikungunya

Como já mencionado anteriormente o diagnóstico presuntivo é realizado baseado nos sintomas e na história clínica.

O quadro a seguir mostra algumas características clínicas que podem ser usadas na diferenciação das três arboviroses:

 DengueZikaChikungunya
Febrealta > 38ºC dura até 4 a 7 diasbaixa/subfebril < 38ºCfebre alta por até 2 a 3 dias
Manchas na peleA partir do 4º dia 30 a 50% dos casosDo 1º ao 2º Dia 90 a 100% dos casosDo 2º ao 5º dia Em torno de 50% dos casos
Dor muscularalta frequênciamédia frequênciabaixa frequência
Artralgiafrequência, de leve a moderadafrequência, de leve a moderadaalta frequência e intensa

Podemos constatar que estas manifestações clínicas são comuns às três arboviroses. É importante salientar também que tais manifestações clínicas são comuns a outras diversas viroses, incluindo outras arboviroses, e dessa forma requer confirmação etiológica por meio de exames laboratoriais.

Dessa forma CheckUp Medicina e Diagnóstico, além de oferecer os exames NS1 e os Anticorpos IgG/IgM para Dengue, oferece também o exame de Biologia Molecular PCR para Dengue, Zika e Chikungunya conjuntamente, de forma que com um único exame é possível definir, com segurança, o diagnóstico diferencial entre os três arbovírus. Este exame representa um grande avanço no diagnóstico das arboviroses, uma vez que os sintomas são semelhantes. E o mais importante, PCR para Dengue, Zika e Chikungunya com resultado liberado dentro de 24 horas.

Tratamento

O tratamento da Dengue é baseado principalmente na reposição adequada de líquidos. Por isso, conforme orientação médica, em casa deve-se realizar:

Repouso;

Ingestão de abundante de líquidos;

Não se automedicar;

Retorno para reavaliação clínica conforme orientação médica.

Procurar imediatamente o serviço de urgência em caso de sangramentos ou surgimento de pelo menos um sinal de alarme, abaixo:

– Dor abdominal intensa (referida ou à palpação) e contínua;

­- Vômitos persistentes;

­- Dificuldade para respirar;

­ – Queda na pressão arterial ou sensação de desmaio;

­- Sangramento na boca;

­ – Prostração intensa e/ou irritabilidade.

 Ainda não existe tratamento específico para a doença. Previna-se.

Estas informações fornecem uma visão geral e podem não se aplicar a todos. Consulte seu médico para saber se são aplicáveis ao seu caso e para obter mais detalhes do assunto.

Referências

1- https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2025/fevereiro/brasil. Brasil registra redução de aproximadamente 60% nos casos de dengue em 2025. Acesso em 15/02/2025.

2- https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/dengue. Acesso em 15/02/2025.

3- Brasil. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Dengue: aspectos epidemiológicos, diagnóstico e tratamento/Ministério da Saúde, – Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2002

4- https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2024-10/fiocruz-oficializa-pedido-para-produzir-vacina-contra-dengue-no-brasil. Acesso em 18/02/205

5- Minas Gerais. Diretoria de Políticas de Atenção Primária em Saúde. DPAPS/SAP/SUBRAS/SES-MG. CARTILHA INFORMATIVA DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: DENGUE X ZIKA X CHIKUNGUNYA X COVID 19. 2024.

6- Brasil. Ministério da Saúde. DENGUE: 8 dúvidas sobre a doença para você se proteger. Publicado em 21/02/2024.

7- https://vidasaudavel.einstein.br/dengue-9-perguntas-e-respostas-para-voce-entender-a-doenca/ Acesso em 18/02/2025

8-Dengue: diagnóstico e manejo clínico: adulto e criança/ Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, Departamento de Doenças Transmissíveis. 6. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2024.

Autor: Dr. Sílvio Marques Pessoa – CRM: MG 16032
Uberlândia – MG, 21 de Fevereiro de 2025

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