Hipotireoidismo

O QUE É A GLÂNDULA TIREOIDE? A glândula tireoide é uma glândula endócrina em forma de borboleta que normalmente está localizada na parte frontal inferior do pescoço. A função da tireoide é produzir hormônios tireoidianos, que são secretados no sangue e então transportados para todos os tecidos do corpo. O hormônio tireoidiano ajuda o corpo a usar energia, manter-se aquecido e manter o cérebro, o coração, os músculos e outros órgãos funcionando como deveriam

O QUE É HIPOTIREOIDISMO?

O hipotireoidismo significa que a glândula tireoide não consegue produzir hormônio tireoidiano suficiente para manter o corpo funcionando normalmente. As pessoas apresentam hipotireoidismo se tiverem muito pouco hormônio tireoidiano no sangue. As causas comuns são doenças autoimunes, como tireoidite de Hashimoto, remoção cirúrgica da tireoide e tratamento com radiação.

QUAIS SÃO OS SINTOMAS?

Quando os níveis de hormônio tireoidiano estão muito baixos, as células do corpo não conseguem obter hormônio tireoidiano suficiente e os processos do corpo começam a ficar mais lentos. À medida que o corpo desacelera, você pode notar que sente mais frio, se cansa mais facilmente, sua pele fica mais seca, você fica esquecido e deprimido e começa a apresentar intestino preso. Como os sintomas são tão variáveis ​​e inespecíficos, a única maneira de saber com certeza se você tem hipotireoidismo é com um exame simples de sangue, a dosagem do TSH (Hormônio Tireoestimulante).

MANTENDO OUTRAS PESSOAS INFORMADAS

Informe a seus familiares, porque a doença da tireoide é hereditária, você deve explicar seu hipotireoidismo aos seus parentes e incentivá-los a fazer exames periódicos de TSH. Informe também a outros médicos da sua condição clínica.

O QUE VOCÊ PODE ESPERAR A LONGO PRAZO?

Não há cura para o hipotireoidismo, e a maioria dos pacientes o tem para o resto da vida. Há exceções: muitos pacientes com tireoidite viral têm a função da tireoide retornando ao normal, assim como alguns pacientes com tireoidite após a gravidez. O hipotireoidismo pode se tornar mais ou menos grave, e sua dose de hormônio tireoidiano pode precisar mudar ao longo do tempo. Você precisa se comprometer com o tratamento para o resto da vida. Mas se você tomar seus comprimidos todos os dias e trabalhar com seu médico para obter e manter seu hormônio em dose adequada, você deve conseguir manter seu hipotireoidismo bem controlado durante toda a sua vida. Seus sintomas devem desaparecer e os efeitos graves do baixo hormônio tireoidiano devem melhorar. Se você mantiver seu hipotireoidismo bem controlado, ele não encurtará sua expectativa de vida.

O QUE CAUSA O HIPOTIREOIDISMO?

Pode haver muitas razões pelas quais as células da glândula da tireoide não conseguem produzir hormônio tireoidiano suficiente. Aqui estão as principais causas, das mais comuns às menos comuns.

Doença autoimune. No corpo de algumas pessoas, o sistema imunológico que protege o corpo de infecções invasoras pode confundir células da glândula tireoide e suas enzimas com invasores e pode atacá-los. Então não há células e enzimas tireoidianas suficientes para produzir hormônio tireoidiano suficiente. Isso é mais comum em mulheres do que em homens. A tireoidite autoimune pode começar de repente ou pode se desenvolver lentamente ao longo dos anos. As formas mais comuns são tireoidite de Hashimoto e tireoidite atrófica.

Remoção cirúrgica de parte ou de toda a glândula tireoide. Algumas pessoas com nódulos tireoidianos, câncer de tireoide ou doença de Graves precisam ter parte ou toda a tireoide removida. Se toda a tireoide for removida, as pessoas definitivamente ficarão com hipotireoidismo. Se parte da glândula for deixada, ela pode ser capaz de produzir hormônio tireoidiano suficiente para manter os níveis sanguíneos normais.

Tratamento de radiação. Algumas pessoas com doença de Graves, bócio nodular ou câncer de tireoide são tratadas com iodo radioativo (I131) com o

propósito de destruir sua glândula tireoide. Pacientes com doença de Hodgkin, linfoma ou câncer de cabeça e pescoço são tratados com radiação. Todos esses pacientes podem perder parte ou toda a função da tireoide.

Hipotireoidismo congênito (hipotireoidismo com o qual um bebê

nasce). Alguns bebês nascem sem tireoide ou com apenas uma parcialmente formada. Alguns têm parte ou toda a tireoide no lugar errado (tireoide ectópica). Em alguns bebês, as células da tireoide ou suas enzimas não funcionam direito.

Tireoidite. A tireoidite é uma inflamação da glândula tireoide, geralmente causada por um ataque autoimune ou por uma infecção viral. A tireoidite pode fazer a tireoide despejar todo o seu suprimento de hormônio tireoidiano armazenado no sangue de uma só vez, causando hipertireoidismo breve (atividade excessiva da tireoide); com o passar do tempo, então a tireoide se torna hipoativa.

Medicamentos. Medicamentos como amiodarona, lítio, interferon alfa e interleucina-2 podem impedir que a glândula tireoide seja capaz de produzir hormônios normalmente. Esses medicamentos têm maior probabilidade de desencadear hipotireoidismo em pacientes com tendência genética à doença tireoidiana autoimune.

Muito ou pouco iodo. A glândula tireoide precisa ter iodo para produzir hormônio tireoidiano. O iodo entra no corpo através dos alimentos e viaja pelo sangue até a tireoide. Manter a produção do hormônio tireoidiano em equilíbrio requer a quantidade certa de iodo. Ingerir muito iodo pode causar ou piorar o hipotireoidismo.

Danos à glândula pituitária. A hipófise, a “glândula mestra”, informa à tireoide quanto hormônio produzir. Quando a hipófise é danificada por um tumor, radiação

ou cirurgia, ela pode não ser mais capaz de dar instruções à tireoide, e a tireoide pode parar de produzir hormônio suficiente.

Distúrbios raros que se infiltram na tireoide. Em algumas pessoas, as doenças depositam substâncias anormais na tireoide e prejudicam sua capacidade de funcionar. Por exemplo, amiloidose pode depositar proteína amiloide, sarcoidose

pode depositar granulomas e hemocromatose pode depositar ferro. Essas substâncias podem lesar a tireoide e causar hipotireoidismo.

COMO O HIPOTIREOIDISMO É DIAGNÓSTICO?

O diagnóstico correto do hipotireoidismo depende do seguinte:

Sintomas. O hipotireoidismo não tem nenhum sintoma característico. Não há sintomas que pessoas com hipotireoidismo sempre tenham e muitos sintomas de hipotireoidismo podem ocorrer em pessoas com outras doenças.

Histórico médico e familiar. Você deve informar ao seu médico:

   • sobre mudanças em sua saúde que sugiram que seu corpo está desacelerando;

   • se você já fez cirurgia de tireoide;

   • se você já fez radiação no pescoço para tratar câncer;

   • se você estiver tomando algum dos medicamentos que podem causar hipotireoidismo – amiodarona, lítio, interferon alfa, interleucina-2 e talvez talidomida;

   • se algum membro da sua família tem doença da tireoide.

Exame físico. O médico verificará sua glândula tireoide e procurará por alterações como pele seca, inchaço, reflexos mais lentos e frequência cardíaca mais lenta.

Exames de sangue. Existem dois exames de sangue que são usados ​​no diagnóstico de hipotireoidismo.

   • Dosagem do TSH (Hormônio Tireoestimulante). Este é o exame mais importante e sensível para hipotireoidismo. Ele mede quanto do hormônio tireoidiano, a Tiroxina (T4) a glândula tireoide está sendo solicitada a produzir. Um TSH anormalmente alto significa hipotireoidismo: a glândula tireoide está sendo solicitada a produzir mais T4 porque não há T4 suficiente no sangue.

   • Dosagem do T4L (T4 livre). A maior parte do T4 no sangue está ligado a uma

proteína chamada TBG (globulina de ligadora de tiroxina). O T4 “ligado” não consegue entrar nas células do corpo. Apenas cerca de 1% a 2% do T4 no sangue não está ligado à TBG, é o T4L (T4livre) e que pode entrar nas células. O T4L mede quanto T4 não ligado está no sangue e disponível para entrar nas células, e exercer sua função.

COMO O HIPOTIREOIDISMO É TRATADO?

O hipotireoidismo não tem cura. Mas em quase todos os pacientes, o hipotireoidismo pode ser completamente controlado. Ele é tratado pela reposição do hormônio Tiroxina (T4) que sua tireoide não consegue mais produzir, para trazer seus níveis de T4L e TSH de volta aos níveis normais. Então, mesmo que sua glândula tireoide não consiga funcionar direito, a reposição de T4 pode restaurar os níveis de hormônio tireoidiano do seu corpo e a função do seu corpo. As pílulas sintéticas de tiroxina contêm hormônio exatamente igual ao T4 que a própria glândula tireoide produz. Todos os pacientes com hipotireoidismo, exceto aqueles com mixedema grave (hipotireoidismo com risco de vida), podem ser tratados como pacientes ambulatoriais, não precisando ser internados no hospital. Para os poucos pacientes que não se sentem completamente normais tomando uma preparação T4 sozinho, a adição de outro hormônio da tireoide, o T3 (Triiodotironina) pode ser benéfica.

EFEITOS COLATERAIS E COMPLICAÇÕES.

Os únicos perigos da tiroxina são causados ​​por tomar dose insuficiente ou em excesso. Se você tomar dose insuficiente, seu hipotireoidismo continuará. Se você tomar em excesso, você desenvolverá os sintomas de hipertireoidismo – como se fosse uma glândula tireoide hiperativa. Os sintomas mais comuns do excesso de hormônio tireoidiano são fadiga, incapacidade de dormir, maior apetite, nervosismo, tremores, sensação de calor quando outras pessoas estão com frio e dificuldade para se exercitar devido a músculos fracos, falta de ar e coração acelerado e com palpitações. Pacientes que apresentam sintomas de hipertireoidismo a qualquer momento durante a terapia de reposição de tiroxina devem ter seu TSH testado. Se estiver baixo, indicando excesso de hormônio tireoidiano, sua dose precisa ser adequada – converse com seu médico.

ACOMPANHAMENTO

Você precisará verificar seu TSH de 6 a 10 semanas após uma mudança na dose de tiroxina. Você pode precisar de exames com mais frequência se estiver grávida ou tomando um medicamento que interfira na capacidade do seu corpo de usar a tiroxina. O objetivo do tratamento é obter e manter seu TSH na faixa normal. Bebês com hipotireoidismo devem fazer todo o seu tratamento rigorosamente e ter seus níveis de TSH verificados à medida que crescem, para evitar retardo mental e crescimento atrofiado.

Depois de se estabelecer uma dose de tiroxina adequada, você pode retornar para exames de TSH cerca de uma vez por ano, de acordo com seu médico.

VOCÊ PRECISA RETORNAR AO SEU MÉDICO MAIS CEDO SE ALGUM DOS SEGUINTES SE APLICAR A VOCÊ:

   • Seus sintomas retornam ou pioram.

   • Você ganha ou perde muito peso (uma diferença de apenas 5 Kg para aqueles que não estavam acima do peso no início de tratamento é significativa).

• Você começa ou para de tomar um medicamento que pode interferir na absorção da tiroxina (como certos antiácidos, suplementos de cálcio e comprimidos de ferro) ou você muda sua dose de determinado medicamento. Medicamentos contendo estrogênio também afetam as doses de tiroxina, então qualquer mudança em tal medicamento deve levar a uma reavaliação de sua dose de tiroxina.

   • Você começa ou para de tomar certos medicamentos para controlar convulsões, como fenobarbital, fenitoína ou tegretol, pois tais medicamentos podem aumentar a taxa na qual a tiroxina é metabolizada em seu corpo, e sua dose de tiroxina pode precisar ser ajustada.

   • Você não está tomando adequadamente os seus comprimidos de tiroxina. Diga ao seu médico honestamente quantos comprimidos você esqueceu.

   • Você quer tentar interromper o tratamento com tiroxina. Se você achar que está bem o suficiente para não precisar mais do tratamento com tiroxina, tente apenas sob a supervisão rigorosa do seu médico. Em vez de parar de tomar seus comprimidos completamente, você pode pedir ao seu médico para tentar diminuir sua dose. Se seu TSH subir, você saberá que precisa continuar o tratamento.

Estas informações fornecem uma visão geral e podem não se aplicar a todos. Consulte seu médico para saber se são aplicáveis ao seu caso e para obter mais detalhes do assunto.

Referências:

1- Chaker L, Bianco AC, Jonklaas J, Peeters RP. Hypothyroidism. Lancet 2017 Sep 23;390(10101):1550-1562.

2- Garber JR, Cobin RH, Gharib H, et al.; American Association Of Clinical Endocrinologists and American Thyroid Association Taskforce On Hypothyroidism In Adults. Thyroid 2012 Dec;22(12):1200-1235.

3- Jonklaas J, Bianco AC, Bauer AJ, et al.; American Thyroid Association Task Force on Thyroid Hormone Replacement. Guidelines for the treatment of hypothyroidism. Thyroid 2014 Dec;24(12):1670-1751.

4- Alexander EK, Pearce EN, Brent GA, et al. Guidelines of the American Thyroid Association for the Diagnosis and Management of Thyroid Disease During Pregnancy and the Postpartum. Thyroid 2017 Mar;27(3):315-389.

5- Dynamed. Hypothyroidism in Adults. Updated 14 Aug 2022

6- Hypothyroidism. American Thyroid Association. 2017. wwww.thyroid.org

Autor: Dr. Sílvio Marques Pessoa – CRM: MG 16032
Uberlândia – MG, 21 de Fevereiro de 2025

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