As Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) são as infecções causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos. São transmitidas, principalmente, por meio do contato sexual (oral, vaginal, anal) sem o uso de camisinha masculina ou feminina, com uma pessoa que esteja infectada. A transmissão de uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) pode acontecer, ainda, da mãe para a criança durante a gestação, o parto ou a amamentação.
A terminologia Infecções Sexualmente Transmissíveis – ISTs passou a ser adotada em substituição à expressão Doenças Sexualmente Transmissíveis – DSTs, porque destaca a possibilidade de uma pessoa ter e transmitir uma infecção, mesmo sem sinais e sintomas. Se não tratadas adequadamente, podem provocar diversas complicações e levar a pessoa, inclusive, à morte.
Diante do crescente número de novos casos de ISTs, especialmente na população jovem, torna-se cada vez mais importante investir em campanhas de prevenção como o Dezembro Vermelho.
O tratamento das pessoas com ISTs melhora a qualidade de vida e interrompe a cadeia de transmissão dessas infecções.
Quais são as principais infecções sexualmente transmissíveis?
Existem diversos tipos de infecções sexualmente transmissíveis, mas os exemplos mais conhecidos são:
– Cancro mole (cancroide);
– Condiloma acuminado;
– Doença Inflamatória Pélvica;
– Donovanose;
– Gonorreia e infecção por clamídia;
– Herpes genital
– Infecção pelo HIV;
– Infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV);
– Infecção pelo HTLV;
– Linfogranuloma venéreo (LGV);
– Sífilis;
– Uretrite Gonocócica e Não Gonocócica.

Quais são os sintomas das infecções sexualmente transmissíveis?
Cada IST apresenta sinais, sintomas e características distintos. São três as principais manifestações clínicas das ISTs: corrimentos, feridas e verrugas anogenitais.
Os sinais aparecem, principalmente, no órgão genital da pessoa, mas podem surgir também em outra parte do corpo, como na palma das mãos, olhos, língua etc.
Características de ISTs por feridas
Aparecem nos órgãos genitais ou em qualquer parte do corpo, com ou sem dor.
Os tipos de feridas são muito variados e podem se apresentar como vesículas, úlceras, manchas, entre outros.
Podem ser manifestações da sífilis, herpes genital, cancroide (cancro mole), donovanose e linfogranuloma venéreo.
Características de ISTs por corrimentos
Aparecem no pênis, vagina ou ânus.
Podem ser esbranquiçados, esverdeados ou amarelados, dependendo da IST.
Podem ter cheiro forte e/ou causar coceira.
Provocam dor ao urinar ou durante a relação sexual.
Nas mulheres, quando é pouco, o corrimento só é visto em exames ginecológicos.
Podem se manifestar na gonorreia, clamídia e tricomoníase.
Importante: O corrimento vaginal é um sintoma muito comum e existem várias causas de corrimento que não são consideradas ISTs, como a vaginose bacteriana e a candidíase vaginal.
Características de ISTs por verrugas anogenitais
São causadas pelo Papilomavírus Humano (HPV) e podem aparecer em forma de verrugas ou de couve-flor, quando a infecção está em estágio muito avançado.
Em geral, não doem, mas pode ocorrer irritação ou coceira.
Doença Inflamatória Pélvica
É outra forma de manifestação clínica das ISTs.
É uma síndrome clínica causada por vários microrganismos, que ocorre devido à entrada de agentes infecciosos pela vagina em direção aos órgãos sexuais internos, atingindo útero, trompas e ovários, causando inflamações. Esse quadro acontece principalmente quando a gonorreia e a infecção por clamídia não são tratadas.
HIV/Aids e hepatites virais B e C
Além das IST que causam corrimentos, feridas e verrugas anogenitais, existem as infecções pelo HIV, HTLV e pelas hepatites virais B e C, causadas por vírus, com sinais e sintomas específicos.
Algumas ISTs podem não apresentar sinais e sintomas, e se não forem diagnosticadas e tratadas, podem levar a graves complicações, como infertilidade, câncer ou até morte.
Como prevenir as ISTs?
O uso da camisinha (masculina ou feminina) em todas as relações sexuais (orais, anais e vaginais) é o método mais eficaz para evitar a transmissão das ISTs, do HIV/Aids e das hepatites virais B e C. Serve também para evitar a gravidez.
Quem tem relação sexual desprotegida pode contrair uma IST. Não importa idade, estado civil, classe social, identidade de gênero, orientação sexual, credo ou religião. A pessoa pode estar aparentemente saudável, mas pode estar infectada por uma IST.
A prevenção combinada abrange o uso da camisinha masculina ou feminina, ações de prevenção, diagnóstico e tratamento das ISTs, testagem para HIV, sífilis e hepatites virais B e C, profilaxia pós-exposição ao HIV, imunização para HPV e hepatite B, prevenção da transmissão vertical (mãe grávida para filho) de HIV, sífilis e hepatite B, tratamento antirretroviral para todas as pessoas vivendo
com HIV/Aids, entre outras.
Informação, educação e aconselhamento podem melhorar a capacidade das pessoas de reconhecer os sintomas de ISTs e aumentar a probabilidade de que elas busquem cuidados e incentivem um parceiro sexual a fazê-lo. Infelizmente, a falta de conscientização pública e o estigma antigo e generalizado em torno das ISTs continuam sendo barreiras para um uso maior e mais eficaz dessas intervenções.
Por que alertar a parceria sexual de uma IST?
O controle das ISTs não ocorre somente com o tratamento de quem busca ajuda nos serviços de saúde. Para interromper a transmissão dessas infecções e evitar a reinfecção, é fundamental que as parcerias também sejam testadas e tratadas, com orientação de um profissional de saúde.
As parcerias sexuais devem ser alertadas sempre que uma IST for diagnosticada. É importante a informação sobre as formas de contágio, o risco de infecção, a necessidade de atendimento em uma unidade de saúde, as medidas de prevenção e tratamento (ex.: relação sexual com uso de camisinha masculina ou feminina até que a parceria seja tratada e orientada).
O corpo deve ser observado durante a higiene pessoal, o que pode ajudar a identificar uma IST no estágio inicial. Sempre que se perceber algum sinal ou algum sintoma, deve-se procurar o serviço de saúde, independentemente de quando foi a última relação sexual. E, quando indicado, avisar a parceria sexual.
Algumas ISTs podem não apresentar sinais e sintomas, e se não forem diagnosticadas e tratadas, podem levar a graves complicações, como infertilidade, câncer ou até morte.
Parceria Sexual
O controle das ISTs não ocorre somente com o tratamento de quem busca ajuda nos serviços de saúde. Para interromper a transmissão dessas infecções e evitar a reinfecção, é fundamental que as parcerias também sejam testadas e tratadas, com orientação de um profissional de saúde.
As parcerias sexuais devem ser alertadas sempre que uma IST for diagnosticada.
Diagnóstico
As ISTs caracterizam-se por infecções causadas por mais de 30 agentes etiológicos diferentes (bactérias, vírus, fungos e protozoários), sendo transmitidas de maneira prioritária por contato sexual. Eventualmente, também podem ser transmitidas por contato sanguíneo, e da mãe para a criança durante a gestação, o parto ou a amamentação.
As ISTs são frequentemente assintomáticas. Quando os sintomas ocorrem, eles podem ser inespecíficos.
As ISTs ocorrem com alta frequência na população e têm múltiplas apresentações clínicas. No que diz respeito ao diagnóstico das ISTs, a história clínica e o exame físico realizados pelo médico constituem-se como elementos essenciais.
Sempre que possível, os testes laboratoriais devem ser utilizados para auxiliar na definição do diagnóstico.
É importante ressaltar que, mesmo que não haja sinais e sintomas, as ISTs podem estar presentes e ser, inclusive, transmissíveis.
O diagnóstico pode ser realizado clinicamente após o surgimento de alguns sintomas ou por meio de exames de rotina. Durante a consulta médica, é realizado um exame físico, avaliação dos sintomas e exames específicos são solicitados. Entre eles, estão:
Exames de sangue;
Testes de urina;
Exame de úlcera ou ferida genital;
Avaliação de secreção vaginal;
Avaliação de secreção uretral etc.
Estas informações fornecem uma visão geral e podem não se aplicar a todos. Consulte seu médico para saber se são aplicáveis ao seu caso e para obter mais detalhes do assunto.
Referência
1- Brasil. Ministério da Saúde. Infecções Sexualmente Transmissíveis. 2024.
2- Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. 2017.
3- Domingues, C S B et al. Protocolo Brasileiro para Infecções Sexualmente
Transmissíveis 2020: vigilância epidemiológica. Epidemiol. Serv. Saude, Brasília, 30(Esp.1):e2020549, 2021.
4- World Heath Organization. Sexually transmitted infections (STIs). 21 May 2024.
5- Centers for Disease Control and Prevention. Sexually Transmitted Diseases (https://www.cdc.gov/std/default.htm). Accessed 2/3/2023.
6- Urology Care Foundation. What Are Sexually Transmitted Infections (STIs) or Diseases (STDs)? (https://www.urologyhealth.org/urology-a-z/s/sexually-transmitted-infections) Accessed 2/3/2023.
Autor: Dr. Sílvio Marques Pessoa – CRM: MG 16032
Uberlândia – MG, 12 de Dezembro de 2024